APRESENTAÇÃO
Pesquisas em Educação: atualidades, avanços e perspectivas futuras reúne seis trabalhos de pesquisadores, resultantes de pesquisas inéditas concluídas e/ou em andamento e um relato de experiência, sobre questões relativas à Educação Básica e Ensino Superior, realizadas em Universidades e Institutos Federais localizados nos Estados do Acre, São Paulo, Goiás, Maranhão e Santa Catarina.
No primeiro capítulo, Creso Machado Lopes e colaboradores discutem sobre a Educação Inclusiva e a atuação de educadores: perspectivas e práticas profissionais, por meio da investigação de concepções de educadores em atuação em sala de recursos multifuncionais inclusivos, da rede de ensino regular de escolas estaduais de Rio Branco, Acre. Conforme os autores, a maioria dos profissionais se sentem preparados para o desenvolvimento de atividades pedagógicas com estudantes especiais das diferentes etapas da Educação Básica, pelo conhecimento e aplicação da Política Nacional de Educação Especial, graças a participação em cursos de formação continuada. A convivência e integração de alunos e alunas especiais na escola regular, se constitui importante oportunidade para a comunidade escolar superar possíveis preconceitos e paradigmas, sobretudo, aqueles relacionados à convivência com as diferenças inerentes a todo ser humano, independente de origem, raça, sexo, idade e quaisquer outra condição ou característica humana.
No segundo capítulo, intitulado A equidade no acesso e permanência à Educação Básica sob o viés das políticas públicas de acordo com as diversidades étnico-raciais na cidade de São Paulo, Andreza Maria de Souza Rocha aborda sobre o direito de acesso e permanência da população negra às escolas de Educação Básica a partir da comparação de dados do Índice da Educação do Estado de São Paulo (IDESP)) e do Índice de Vulnerabilidade Social Paulista (IVSP), no período de 2010 a 2015. A garantia do direito de acesso e permanência nas escolas de Educação Básica da população negra é urgente e fundamental, devido a vulnerabilidade social dessa parcela da população brasileira, em virtude da falta de acesso às estruturas oferecidas pela sociedade e pelo Estado, sobretudo a escola, mesmo diante da obrigatoriedade da Constituição Federal do Brasil em garantia educação para todos. As questões abordadas evidenciam o que afirmam alguns pesquisadores: quanto menor o acesso à Educação, menor o índice de desenvolvimento social e econômico da população ou de um grupo social. Por outro lado, reflete a necessidade de maior investimento em recursos humanos, materiais, institucionais e programas de políticas públicas de inclusão social, e a educação é uma delas!
No capítulo terceiro, Francini Scheid Martins e colaboradores investigaram que “Para sobreviver no campo acadêmico-científico foi necessário (re)aprender: processos formativos e educativos no curso de pedagogia do IFC campus Camboriú em tempos de pandemia”. Para isto, os autores analisaram as percepções de professores e estudantes do curso de Pedagogia do referido Campus, no tocante aos impactos da pandemia do Covid19 no trabalho docente e nos processos formativos e educativos. O ensino remoto foi a alternativa utilizada em diversos países do mundo para amenizar os efeitos da disseminação e contaminação das pessoas pelo Covid-19, em virtude da necessidade de isolamento social, como meio de resguardar a vida e a saúde da população mundial. Passados quase dois anos, vários pesquisadores ligados a diversas instituições de ensino, sentiram a necessidade de identificar e avaliar os impactos do trabalho pedagógico remoto de docentes e discentes. A título de exemplo, o isolamento social impactou negativamente o ser e estar professor no trabalho remoto, pela sobrecarga de trabalho e a necessidade de reinvenção de práticas pedagógicas, que resultou em processos de adoecimento físico e emocional, além de outros. Quanto ao ser e estar aluno, as atividades pedagógicas on-line impediram o contato social humano de alguns estudantes, impactou na privacidade dos estudantes em seu ambiente doméstico, além de outros que influenciaram negativamente o rendimento da aprendizagem, em relação ao ensino presencial. Conhecer esses e outros aspectos é importante para avaliar e reconfigurar as condições de ser e estar docente e discente em trabalho pedagógico remoto, no sentido de mitigar os impactos desse modo de promover o ensino e a aprendizagem em tempos pandêmicos.
No quarto capítulo, Patrícia Barra de Araujo e Hercilia Maria de Moura Vituriano apresentam um relato de experiência sobre Leitura literária na educação infantil: implicações para a formação leitora das crianças. As autoras analisaram o processo de mediação da leitura literária, a linguagem, a formação da atitude leitora e como acontece o processo de apropriação pela criança, por meio do ensino remoto com a utilização de dispositivos móveis, devido ao isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19. Para isto, os livros físicos do acervo da escola foram disponibilizados aos pais e/ou responsáveis, que buscavam na escola, conforme a escolha da criança. A leitura foi mediada por um dos pais ou responsáveis para depois, a professora dialogar com a criança sobre a história, via chamada de vídeo do WhatsApp, além de outras estratégias pedagógicas. A experiencia realizada possibilitou e incentivou o gosto pela prática da leitura e a linguagem das crianças participantes do estudo, mesmo em um momento de incertezas impostas pelo isolamento social, como meio de enfrentamento a pandemia de Covid-19.
No quinto capítulo, Jaidesson Oliveira Peres e Yvonélio Nery Ferreira, discorrem sobre Linguagem e poesia: entre Octavio Paz e Jacques Derrida, em “O arco e a lira” (2012) e “Gramatologia” (1973), respectivamente. O texto nos remete a um tratado entre a linguagem e a poesia ou vice-versa, em que a poesia se utiliza da linguagem, mas, na poesia a linguagem tem seus significados ultrapassados, frente a transcendentalidade da poesia conforme Octavio Paz. A linguagem por sua vez, é um rio-corrente de múltiplas significações, com significantes em mobilidade, diante a emergência de novos sentidos, como aponta Jaques Derrida. A linguagem, como matéria acidental, circunstancial, tudo é mutável e, em sendo mutável, é poesia que deslinda outros sentires, significados, caminhos e subjetividades!
No sexto capítulo, Pedro R. Mathias de Miranda e José Moysés Alves discutem a Educação para a sexualidade na escola: sentidos subjetivos do sujeito que aprende (caso Marília), um recorte da tese de doutorado do primeiro autor, em que buscou compreender aspectos de como estudantes de uma escola pública, subjetivaram questões relacionadas à sexualidade, no contexto de práticas educativas dialógico-problematizadoras em sala de aula. Dessa perspectiva, a sexualidade foi tomada como um fenômeno essencialmente humano, complexo e subjetivo, desenvolvido nas relações interpessoais do cotidiano, a partir de representações sociais e individuais. Marília e outros participantes da pesquisa tinham a sexualidade como relação sexual e/ou genitalidade. A partir da intervenção pedagógica pautada pelo diálogo e problematizações, Marília e alguns participantes da pesquisa mobilizaram e produziram sentidos subjetivos em torno da definição de sexualidade, passando a considerar que a sexualidade encerra também o afeto e o bem-estar de conviver na família ou com os amigos, o prazer de um abraço, além de outros modos de expressão e vivência da sexualidade, que envolvem ou não o erotismo humano. A maioria dos participantes desconhecia a existência dos Direitos Sexuais e Reprodutivos (DSR). O trabalho pedagógico sobre esse tema possibilitou aos participantes da pesquisa se perceberem como sujeitos de direitos e a conhecer e valorizar, por exemplo, o direito à integridade corporal, a relação sexual consentida, a expressão emocional e vivência da orientação e identidade sexual, assim como a garantia dos DSR à todas as pessoas. As ações de educação para a sexualidade na escola são imprescindíveis. No entanto, se faz necessário considerar os saberes, os sentimentos e a história de vida dos estudantes, além de garantir o lugar de fala de todos, como meio ou possibilidade de expressar dúvidas, opiniões e outras questões relacionadas à expressão e vivência da sexualidade, subjetivados do seu contexto histórico e social, ao longo de suas histórias de vida, como parte do processo de ensino e aprendizagem.
Boa leitura a todos e todas!
Prof. Dr. Pedro Raimundo Mathias de Miranda
Pedro Raimundo Mathias de Miranda
1 – EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A ATUAÇÃO DE EDUCADORES: PERSPECTIVAS E DESAFIOS À PRÁTICA PROFISSIONAL
2 – A EQUIDADE NO ACESSO E PERMANÊNCIA À EDUCAÇÃO BÁSICA SOB O VIÉS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ACORDO COM AS DIVERSIDADES ÉTNICO-RACIAIS NA CIDADE DE SÃO PAULO
3 – PARA SOBREVIVER NO CAMPO ACADÊMICO-CIENTÍFICO FOI NECESSÁRIO (RE)APRENDER: PROCESSOS FORMATIVOS E EDUCATIVOS NO CURSO DE PEDAGOGIA DO IFC CAMPUS CAMBORIÚ EM TEMPOS DE PANDEMIA
4 – LEITURA LITERÁRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: IMPLICAÇÕES PARA A FORMAÇÃO LEITORA DAS CRIANÇA
5 – LINGUAGEM E POESIA: ENTRE OCTAVIO PAZ E JACQUES DERRIDA
6 – EDUCAÇÃO PARA A SEXUALIDADE NA ESCOLA: SENTIDOS SUBJETIVOS DO SUJEITO QUE APRENDE – CASO MARÍLIA