Diálogos Mediterrâneos
APRESENTAÇÃO
Este livro foi organizado com o escopo de debater temas que tratam da logística multimodal da América do Sul, como um exercício intelectual, que possa contribuir com os estudos e reflexões acerca do processo de integração regional, logo, entender os impactos das soluções de logística multimodal nas desigualdades regionais do continente; contribuir com discussões a respeito dos impactos da integração multimodal nas áreas das ciências humanas, em especial destacando a importância dos estudos sobre os corredores bioceânicos de integração, bem como promover análises avaliadas de dados da realidade socioespacial e econômica sul-americana, em especial do Brasil.
Desta forma, a discussão que abre esta obra é a dos pesquisadores Adriano Matias da Silva, Cristovão Henrique Ribeiro da Silva, Mateus Bruno Barbosa com o capitulo intitulado PERFORMANCE GEOECONÔMICA DO EIXO DE CAPRICÓRNIO NA INTEGRAÇÃO REGIONAL SUL-AMERICANA.
O trabalho se torna relevante pois apresenta um ponto norteador para a leitura de todos os textos presentes na obra. Os autores se utilizam do caso do eixo de capricórnio para apresentar discussões sobre geopolítica, geoeconomia e integração regional. O texto então promove uma visão ampliada do tema, tratando os interesses econômicos e políticos, além das diversas potencialidades do projeto infraestrutural.
Ao terminar o primeiro artigo, o leitor seguirá para o texto das autoras Cristiele Souza Silva, Francisco Cardeal de Araújo e Liliane Maia Cavalcante com o capítulo intitulado TRABALHO DE CAMPO INTEGRADO: UM ESTUDO DAS DIMENSÕES TERRITORIAIS NO ESTADO DE RONDÔNIA.
O debate analisa as dimensões territoriais presentes no processo de regionalização da região de Rondônia, cujo escopo foi identificar as dimensões territoriais utilizadas no processo de regionalização em questão, especialmente, para compreender quais as interações e interferências do processo na dinâmica econômica dos municípios de GuajaráMirim/RO e Porto Velho/RO, o que consequentemente também contribui para entender as dimensões territoriais do desenvolvimento regional do Acre.
A próxima reflexão está no capítulo PERFORMANCE GEOECONÔMICA E O MERCADO CRÉDITOS DE CARBONO O CASO DAS SUB-REGIÕES NA AMÉRICA DO SUL. O debate é de autoria de Cristiele Souza da Silva e Cristovão Henrique Ribeiro da Silva.
Trata-se de um estudo geoeconômico das sub-regiões AMACRO e MATOPIBA cujo destaque é a questão ambiental que se tornou fundamental para a reintegração do crescimento econômico no mundo; assim o objetivo é analisar as questões geoeconômicas e a redução das emissões de gases por meio de créditos de carbono nas sub-regiões em referência. Os autores focaram em tais territórios para ressaltarem as potencialidades existentes nessas áreas, no sentido de possibilitar e fortalecer a integração regional.
O capítulo INFRAESTRUTURAS DE LOGÍSTICA E TRANSPORTE EM MATO GROSSO: UMA LEITURA GEOGRÁFICA de autoria de Ronivalter de Souza e Silvio Moises Negri versa sobre as transformações provocadas pela inserção do Brasil na nova divisão internacional do trabalho, inúmeras mudanças foram provocadas no espaço geográfico nacional frente o seu papel de player internacional do setor agrícola.
Desta forma, o objetivo foi compreender a política de modernização da infraestrutura logística e de transporte no estado de Mato Grosso; em especial na difusão dos novos objetos técnicos sobre o território, assim como foi verificado de que maneira os últimos influenciaram na produção agrícola e na organização do espaço agrário regional. Debate de suma importância para refletir sobre as potencialidades e limitações do sistema logístico e da produção do agronegócio mato-grossense no século XXI e sua integração às cadeias produtivas mundiais.
André Luís André em DESESTABILIZAÇÃO VERDE-AMARELA E A REDEFINIÇÃO DA ECONOMIA POLÍTICA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO versa sobre como ações de Guerra Híbrida no Brasil promoveram desestruturação e redefinição da economia política brasileira, alicerçada a partir do primeiro Governo Lula (2003-2006), promovendo fascismos sociais e ultraliberalismo a partir de 2016.
A reflexão demonstra a disputa que está em curso na economia política brasileira, caminhando rumo a fragmentação dos contratos sociais, em concomitância a transferência de riqueza nacional aos segmentos corporativos e rentistas, inviabilizando a trajetória de desenvolvimento e soberania política e geopolítica fundamentada desde a redemocratização do país. Um debate de extrema importância para entender a atual conjuntura política e econômica do Brasil e como tal momento pode interferir nos projetos de integração da América do Sul.
O capítulo subsequente é de autoria de Maria Raylene Félix Cameli, CADEIA PRODUTIVA DO AÇAÍ NA AMAZÔNIA SUL-OCIDENTAL: UMA ANÁLISE DA SUA CONTRIBUIÇÃO PARA MANUTENÇÃO DO CLIMA E MEIO AMBIENTE.
A autora debate a importância da cadeia produtiva do açaí para o fomento do desenvolvimento regional do Norte do Brasil, em especial condicionando atividade econômica com possibilidade de geração de emprego e melhor qualidade de vida da população tradicional da Amazônia (favorecendo o desenvolvimento humano), Além disso, na sua discussão busca identificar as potencialidades da cadeia produtiva em referência e sua contribuição para a preservação do meio ambiente, como ferramenta que contribua na contenção da crise climática.
No capítulo A INTEGRAÇÃO GEOECONÔMICA DAS CIDADES ASSIS BRASIL E BRASILÉIA NO MERCADO EXTERNO: Fatores naturais e estruturais, Ludimila da Silva de Oliveira, Janaina Costa de Oliveira, Alenária Menezes Martins, Juliana de Souza Denti, Antonia Roseli Nogueira Matos, Michel Felix da Silva realizam um importante debate sobre a “Rota Interoceânica” como alternativa de escoamento da produção brasileira pelo Oceano Pacífico.
A rodovia bioceânica vai integrar o território do Acre, no Brasil, a Bolívia e Peru, assim como trata-se de uma infraestrutura de suma importância para futuras relações socioeconômicas entre os Estados mencionados, neste processo os governos subnacionais estão sendo fundamentais para a consecução do projeto, em especial a elaboração e execução de políticas públicas para municípios de fronteira.
Bruno Ferreira Campos, no texto intitulado A POLÍTICA DOS EIXOS DE INTEGRAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUL-AMERICANO E SUA RELAÇÃO COM O ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL trata do processo de integração sul-americano a partir da política dos Eixos de Integração e Desenvolvimento/EID’s, que marca as iniciativas para o desenvolvimento econômico desta região desde a última década do século XX.
O pesquisador destaca aspectos da geopolítica mundial, a partir do fim da Guerra Fria (1991); a importância atribuída à indústria do transporte e comunicação com a intensificação da mundialização do capital; bem como realiza um debate importante sobre a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional da América do Sul (IIRSA), enquanto pilar dos EID’s a nível da América do Sul. Ademais, transitando em diferentes escalas reflete sobre as relações entre o contexto de global, a América do Sul e Mato Grosso do Sul.
Isaac de Araujo Castro Vasconcelos e Carlos Cassemiro Casaril prosseguem as discussões do livro com um debate de extrema relevância para o território brasileiro, versam sobre o sistema ferroviário brasileiro, no capítulo SELETIVIDADE DA INFRAESTRUTURA E MODAL FERROVIÁRIO NO BRASIL.
Partindo da realidade de que a infraestrutura de transporte brasileiro é altamente concentrada, logo, incidindo em limitações e lacunas na logística e no transporte de mercadorias no país, os autores refletem sobre a relação da infraestrutura ferroviária, multimodalidade e a questão regional. Trata-se de uma interessante discussão conceitual sobre o tema das infraestruturas, interessante e muito importante para manter viva a discussão histórica acerca do desenvolvimento econômico brasileiro e, sobretudo, porque provoca no sentido de refletirmos sobre as carências do sistema ferroviário no Brasil e da falta de políticas públicas para o setor.
Os professores André Luiz de Albuquerque Calixto e Cristovão Henrique Ribeiro da Silva fecham o trabalho trazendo a interface entre geografia e relações internacionais no texto intitulado PARADIPLOMACIA COMO FERRAMENTA DE INTEGRAÇÃO REGIONAL NA AMAZÔNIA SUL-OCIDENTAL.
Ao encerrar a obra com um texto que faz um chamamento à multidisciplinaridade, buscamos complexificar o debate acerca dos temas tratados no conjunto dos artigos. Os autores, estudiosos das relações internacionais, apresentam a paradiplomacia como uma ferramenta fundamental para gestão e planejamento territorial, fundamentais para a realização de grandes projetos infraestruturais.
Esperamos que os debates que aqui estão postos possam provocar diferentes setores (acadêmicos e de Estado) a realizarem outras indagações sobre o processo de integração continental e a necessidade criação de políticas públicas que transcendam os territórios estatais, bem como que possam contribuir para o rol de debates importantes realizados nos últimos anos acerca da multimodalidade na América do Sul e renovação do sistema logístico brasileiro
Prof. Dr. Roberto Mauro Fernandes
Professor da UNIFAL (Universidade Federal de Alfenas)
Diretor Técnico GeoLAB
Prof. Dr. Cristovão Henrique
Professor da UFAC (Universidade Federal do Acre)
Professor Colaborador no Programa de Pós-Graduação da UNILA
Diretor Estratégico GeoLAB
Isaac Vasconcelos
Bacharel em Geografia
Discente do curso de Saúde Coletiva pela UNILA (Universidade Federal da Integração Latino-Americana)
Coordenador Técnico GeoLAB
Gerson Bessa de Andrade
Graduado em Geografia pela UFAC (Universidade Federal do Acre)
Coordenador Técnico GeoLAB
Roberto Mauro Fernandes
Cristovão Henrique
Isaac Vasconcelos
Gerson Bessa de Andrade
