Aves da Serra Bonita, Camacã, Sul da Bahia
Apresentação
A inter-relação entre o ser humano e a natureza existe desde o surgimento do Homo sapiens. A sobrevivência humana depende, e sempre dependerá, dos serviços ecossistêmicos da natureza (alimento, água, oxigênio, abrigo, saúde etc.). É nesta inter-relação complexa que observamos a tensão e a agressão, sem precedentes, aos recursos da natureza no Brasil. O fascínio dos humanos pelas aves como araras, periquitos e papagaios, além de outros animais de grande beleza impulsionaram a venda e o tráfico de inúmeras espécies da fauna, principalmente de aves – uma prática nociva e crescente, de acordo com os dados periódicos de apreensões em escala mundial. No entanto, os estudos e a atividade de observação de aves na natureza têm promovido reversões neste quadro de degradação pelo tráfico de animais, mesmo que ainda em pequena escala, contribuindo de forma crescente e exponencial para a preservação dessas espécies.
A atividade de observação de aves se traduz numa relação direta de contato com a natureza, que prende a atenção humana para os detalhes e para a beleza das aves, tais como suas cores, suas vocalizações e os mais diversos malabarismos que provocam sensação de interação e de bem-estar físico e mental. As aves são muito especiais no mundo inteiro, especialmente pela capacidade de interação com os humanos, sendo retratadas em poesias como: “Canção do Exílio” do poeta Gonçalves Dias (“Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá, as aves, que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”); a poesia de João do Vale e José Cândido, “Carcará”, eternizada por Maria Bethânia; e em pinturas como: a Corujinha de Albrecht Dürer (1506); o Kingfisher (martim[1]pescador) de Vincent van Gogh (1886); o Cisne Ameaçado de Jan Asselijn (1650); e a Menina em um barco com gansos de Berthe Morisot (1889).
É de fundamental importância influenciar positivamente crianças, jovens e a população em geral, especialmente as de Camacã, para que se sensibilizem e desenvolvam o sentimento de pertencimento ao habitat, despertem empatia pelas aves e pela natureza, e possam ser protagonistas da proteção e da defesa do bioma Mata Atlântica na região.
Tenho orgulho de fazer parte do Programa de Defesas de Ecossistemas do Instituto Uiraçu, que trabalha intensivamente para a expansão do habitat protegido na Serra Bonita e proteção das espécies silvestres endêmicas, raras e em perigo de extinção.
Não sou uma “observadora de aves” qualificada, tampouco ornitóloga, mas tenho gosto pela observação de aves e até consigo extrair boas imagens das joias emplumadas que aprecio. Tenho tido o privilégio de estar sempre perto dos pássaros nas minhas atividades de proteção da biodiversidade e do desenvolvimento sustentável. Isso me traz realização e me faz feliz!
Tive a oportunidade de observar espécies diversas de aves especiais na Fazenda Paris (Serra Bonita) tais como o crejoá (Cotinga maculata), o surucuá-de-barriga-amarela (Trogon viridis); o anambé-branco-de-rabo-preto (Tityra cayana); o Tucano-de-bico-preto (Ramphastos vitellinus); o surucuá-variado (Trogon surrucura); tiriba-de-testa-vermelha (Aratinga auricapillus), entre outras.
Espero que este livro estimule iniciativas locais de observação de aves e proteção da biodiversidade para que possamos almejar um futuro equitativo, justo e sustentável para todos.
Aproveite a leitura!
Dejanira Fialho de Carvalho
Diretora Executiva
Instituto Uiraçu
• Dejanira Fialho de Carvalho – Mestre em Administração e Cientista Social, Diretora Executiva do Instituto Uiraçu.
• Flávia Lima Nascimento – Engenheira Ambiental, Coordenadora do Programa de Educação Ambiental do Instituto Uiraçu.
• Flávio Mariano Machado Mota – Mestre em Ciências Biológicas – Estudante de doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade.
• Juan Miguel Ruiz Ovalle – Mestre em Ecologia, Estudante de doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade.
• Marcelo dos Santos Souza – Graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC.
• José Carlos Morante-Filho – Doutor em Ecologia e Conservação e Professor da Universidade Estadual de Santa Cruz e membro do Laboratório de Ecologia Aplicada a Conservação